Concurso de Redação "CCM-REDACINE" - texto vencedor

Estamos publicando (atendendo a pedidos), a redação vencedora do nosso concurso cultural “CCM-Redacine”. Parabéns a todos/as pelo esforço, e nosso muito obrigada ao jovem Cleyton e também à sua Escola, (Edson Vianei) - por terem acreditado em nossa iniciativa, nos ajudando a promover uma bela festa de encerramento.

Trabalho vencedor. Autor: Cleyton Dias. idade: 16; 3ª. Série N.Médio; EE. Edson Vianei Alves/Reginatinho.

“Quem quer ser um milionário?”

Estava em minha casa assistindo um programa de televisão e veio em minha mente como seria a vida de um milionário. Será que é uma vida fácil, como nós pobres pensamos, ou não?

Assim como no filme “Quem quer ser um milionário?”, nós podemos perceber que para ser um milionário, tem de ter principalmente esperteza, agilidade, inteligência, bom relacionamento e experiência de vida. Por esse lado, notamos que um milionário tem basicamente, princípios para chegar onde está.

Esse filme trata de uma longa história envolvendo pobreza, amor, inteligência, concentração e muita violência. É a história de um adolescente indiano que sempre foi pobre, até ganhar um milhão de dólares. Tem uma semelhança muito grande com boa parte dos milionários brasileiros que participam dos reality shows.

Este pensamento que passou em minha mente fez-me refletir sobre a vida. Percebi que todos nós podemos ser milionários; basicamente seria necessário inteligência e força de vontade, o que na verdade não é pouca coisa. O destino de cada um é diferente, mas com muita dedicação, todos conseguem alcançar o que a vida reserva a cada um de nós.

O garoto citado tinha muitos princípios, como: segurança nos seus pensamentos e a reflexão em relação às perguntas. A fé que ele tinha em ganhar o prêmio do reality show fez dele um milionário indiano. Certos acontecimentos em nossas vidas nos fazem refletir que devemos ser diferentes e sempre tentar progredir e lutar pelo que desejamos.

Fim.


1o. Concurso de Redação CCM-Redacine//Resultado

Saiu o resultado do Concurso de Redação organizado pelo Clube de Cinema de Marília. Às Escolas que participaram do projeto, nossos agradecimentos e nossos parabéns à: EE Edson Vianei Alves (Reginatinho), cujo aluno - Cleyton Dias - foi o grande vencedor. O jovem Cleyton tem dezesseis anos e é aluno do 3º. Colegial. Ele construiu uma redação em 38 linhas e deu-lhe um título. Partindo de uma indagação, levantou uma série de dúvidas, demonstrando espírito crítico e o desejo de saber mais.

A base de sua escrita foi o filme: Quem quer ser um milionário?”, que conta a história de um adolescente indiano, e Cleyton demonstrou ter visto e gostado do filme. Em sua análise, enfatiza que para crescer na vida são necessários: esforço, dedicação, inteligência.

Pela abordagem que faz demonstra que entendeu o Tema, gosta de cinema e viu o filme em que se apoia sua escrita. Mas acho que ele concordaria que um pouquinho de sorte não faz mal a ninguém.

Os demais alunos classificados foram: Ana Paula de Souza; EE.Baltazar de G; 2ª. Série e Ingrid Silva Teixeira ; também da 2ª. Série do Baltazar.

As Menções Honrosas ficaram para:

Helen Zanoni = 1ª série da E.E. José Alfredo de Almeida.

Bruna N.da Silva = 3ª série do Ensino Médio da E.E. Reginatinho.

A cerimônia de premiação acontece na próxima sexta-feira (27.mai), a partir das 19h30, no Auditório Municipal. Queremos contar com a presença dos alunos participantes, dos classificados, e, especialmente, de suas professoras.

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elisilvéria

Programação junho-2011


CLUBE DE CINEMA DE MARÍLIA

Sala “Emílio Pedutti Filho”

Av. Sampaio Vidal, 245 / Sessões: sábados e domingos às 20h15 /

CONTRIBUIÇÃO para não associados: R$ 2,00

APOIO: SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA


PROGRAMAÇÃO – Junho/2011

Olá cinéfilos/as,

Quem acompanha as exibições do “Clube” vai notar que temos em Junho um grande número de filmes de guerra. Explico: a escolha serve para lembrar o fim da 2ª. GG, oficialmente celebrado em 08/maio de cada ano. Para quem curte o gênero (como eu) –grandes emoções e ações de coragem, brio, companheirismo e atos heróicos. São quatro filmes de guerra, ou seja: metade da programação. Para quebrar um pouco o clima beligerante, colocamos outros mais leves como: “Inconcebível” (que traz um toque de ficção científica), Um olhar do Paraíso” , “Um novo caminho” e até uma comédia com Mathew Mc Conaughey: Minhas adoráveis ex-namoradas”, que, apesar do esquema conhecido, parece ser bem divertida. Atenção para o filme do dia 18 (sáb.) – “Milagre em St. Anna”, que mostra um batalhão formado exclusivamente por soldados negros, que atuou na 2ª. GG. Inusitado pelo elenco, portanto enredo um tanto original para nós.

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04/jun/11 sábado-Zona Verde (Greeen Zone)– Direção: Paul Greengrass. Elenco: Matt Damon, Jason Isaacs, Greg Kinnear, Amy Ryan, Brendan Gleeson, Antoni Corone. França-Espanha-Inglaterra-EUA, 2010; Ação/Guerra; 115 min. Sinopse: Em 2003, o subtenente do exército americano Roy Miller (Matt Damon) e sua equipe são designados para achar armas de destruição em massa, supostamente guardadas no deserto do Iraque. Indo de um lugar cheio de armadilhas e trincheiras a outro, os homens, que buscam agentes químicos mortais, esbarram em uma farsa que subverte o propósito da missão. Agora Miller precisa vasculhar os serviços secreto e de inteligência escondidos em terra estrangeira para encontrar respostas que ora acabarão com um regime nocivo, ora propagarão uma guerra em uma região instável. Nesse momento delicado e nesse lugar inflamável, ele descobre que a arma mais ilusória de todas é a verdade. “Obrigatório para quem gosta de filmes de guerra e conspiração” – segundo o site “Adoro Cinema”.

05/jun/11 domingo- O mensageiro(the Messenger)- Direção: Oren Moverman. Elenco: Woody Harrelson, Ben Foster, Jena Malone, Eamonn Walker, Yaya daCosta, Lisa Joyce, Steve Buscemi, Samantha Morton; EUA- 2010; drama; 112min. Sinopse: O filme segue dois oficiais confrontados com a tarefa nada agradável de notificar os entes queridos dos soldados mortos em batalha. Os dois homens formam improvável vínculo, que é ameaçado quando um dos oficiais se sente atraído por uma jovem viúva (Samantha Morton), desencadeando um dilema ético que se desenvolve de forma comovente e surpreendente. Vencedor do Urso de Prata de Melhor Roteiro e Prêmio da Paz em Berlim 2009, além de ser indicado a Melhor Filme. Também indicado a duas categorias no Oscar: melhor ator coadjuvante (Woody Harrelson) e melhor roteiro original.

11/jun/11 sábado - Os Falsários (Die falscher) – Direção: Stefan Ruzowitzky; Elenco: Karl Markovics, August Diehl, Devid Striesow, Áustria/Alemanha, 2007, Drama-guerra, 98min. 12 anos. Sinopse: História verídica envolvendo o dilema moral entre ajudar ou não os nazistas. Vencedor do Oscar de filme estrangeiro, conta a história da maior operação de falsificação de dinheiro de todos os tempos, levada a cabo pelos nazistas. Salomon Sorowitsch é o rei dos falsificadores, levado para um campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, onde junta-se a outros prisioneiros - tipógrafos, artistas gráficos, empregados de banco – e com eles trabalha naquela que ficou conhecida como “Operação Bernhard”, destinada a produzir falsas libras britânicas e dólares americanos, de forma a enfraquecer as economias dos dois países. Os artesãos da “Gaiola Dourada”, nome pelo qual ficaram conhecidos os barracões 18 e 19 de Sachsenhausen, viviam em melhores condições que os restantes habitantes do campo. Gozando privilégios incomparáveis sobre os outros prisioneiros, o grupo debate-se ante um profundo dilema moral.

12/jun/11 domingo- Inconcebível (Inconceivable) – Direção: Mary Mcguckian. Elenco: Amanda Plummer, Jennifer Tilly, Colm Feore, Andie Macdowell, Geraldine Chaplin, Kerry Fox, Jordi Molla; EUA/2008, Suspense, 105min. Sinopse: Uma explosiva investigação do setor de crescimento mais rápido da medicina e da industria farmacêutica está acontecendo em Las Vegas. Ali, em clínicas particulares de reprodução humana, nove mulheres, impossibilitadas de engravidar por meio natural, procuram ajuda. O tratamento de todas parece ser bem sucedido, até que descobrem que seus filhos são estranhamente parecidos entre si, o que sugere que a mesma pessoa seja o pai de todas as crianças.

18/jun/11 sábado- Milagre em Sta.Anna(Miracle at St.Anna) Direção: Spike Lee; Elenco: Derek Luke, Michael Ealy, Laz Alonso, Omar Benson Miller, EUA- Itália, 2008, drama, 160min. Sinopse: O filme conta a história de quatro soldados negros americanos, membros da divisão “all-black”, de Búfalo, (um batalhão formado exclusivamente por soldados negros)- presos em um vilarejo da Toscana, na Itália, na 2ª. Guerra mundial. Eles experimentam a tragédia e o triunfo quando se encontram atrás das linhas inimigas, depois de terem sido separados de sua unidade na tentativa de salvar a vida de um garoto italiano.

19/jun/11 domingo - Minhas Adoráveis Ex-namoradas - (Ghosts of Girlfriends Past); Direção: Mark Waters. Elenco: Mathew Mc Conaughey, Jennifer Garner, Michael Douglas, Emma Stone, EUA – 2009, Comédia-romântica, 100min. Sinopse: O fotógrafo de celebridades Connor Mead (McConaughey) adora liberdade, diversão e mulheres, nesta ordem. Um solteirão convicto! Às vésperas do casamento de seu irmão mais novo, quando está prestes a arruinar a união, Connor recebe a visita dos “fantasmas” de suas ex-namoradas que o levam a uma hilariante e reveladora odisséia, visitando seus desastrosos relacionamentos do passado, presente e futuro. Juntas, tentarão descobrir o que transformou Connor num idiota insensível e se ainda há esperança dele encontrar o verdadeiro amor, ou se é uma causa perdida.....

25/jun/11 sábadoUm Olhar do Paraíso (the Lovely Bones) Direção Peter Jackson; Elenco: Saoirse Ronan, Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci. EUA, Nova Zelândia, Reino Unido; 2009, suspense, 135min. Classificação: 14 anos. Sinopse: Num subúrbio da Filadélfia, Susie Salmon (Saoirse Ronan) está voltando para casa quando é abordada por George Harvey (Stanley Tucci), um vizinho que mora sozinho. George a convence a entrar em um retiro por ele construído, onde Susie é assassinada. Os pais de Susie, Jack (Mark Wahlberg) e Abigail (Rachel Weisz), inicialmente se recusam a acreditar na morte da filha, mas precisam aceitar a situação quando seu gorro é encontrado em meio a um milharal, junto a destroços do retiro que estão repletos de sangue. Em meio às investigações, a polícia conversa com George mas não o coloca entre os suspeitos. Com o tempo Jack e Lindsey (Rose McIver), a irmã de Susie, passam a desconfiar de George. Toda esta situação é observada por Susie, que agora está em um local entre o paraíso e o inferno, onde ela precisa lidar com o sentimento de vingança que nutre em relação a George e a vontade de ajudar sua família a superar o trauma de sua morte. Adaptado de um romance espírita, tem Steven Spielberg como um dos produtores.

26/jun/11 domingo - Um Novo Caminho –(Le Dernier pour la Route)- Direção Philippe Godeau. Elenco: François Cluzet, Melanie Thierry, Anne Consigny. França 2009; drama; 106min. Classificação 14 anos. Sinopse: Trata da trajetória verídica do jornalista e produtor de TV francês Hervé Chabalier em sua luta contra o alcoolismo, descrita no livro autobiográfico “Le Dernier pour la Route”. Por isso, há passagens muito didáticas e palestras de como lidar com a doença. François Cluzet vive o protagonista, que, cansado de dar vexame embriagado, decide se internar numa clínica de reabilitação no interior da França. Lá, faz novas amizades e, longe da mulher, sente-se atraído pela jovem Magali, de 23 anos, interpretada por Melanie Thierry. O cinema contou muitas histórias de alcoólatras desde Farrapo Humano, de Billy Wilder, com Ray Milland, ganhador dos principais Oscars de 1945. Este “Novo Caminho” é o que tenta trilhar o personagem de Cluzet.

Agradecimento às videolocadoras: Bimatos (3422-5766) e Canal 10 (3454-9038)

(elisilvéria)

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Informativo do Clube de Cinema

" O CURUMIM" edição 2o. bimestre 2011 - parte 2a./2


O último tango

(Por Ignácio de Loyola Brandão)

Há filmes benditos e filmes malditos. O que dizer de O Último Tango em Paris? Sacudiu os anos 70, restaurou a carreira de Marlon Brando, então execrado por Hollywood, lançou uma estrelinha que assombrou o mundo pela sua audácia, Maria Schneider, firmou Bernardo Bertolucci. Sexo explícito (nem tanto, mas ousado) e uma linguagem nova e inquietante espantaram a hipocrisia da ditadura brasileira. Nem deixavam publicar fotos. No Uruguai, outra ditadura, exibiam o filme e havia caravanas até lá para assisti-lo. No Brasil foi liberado apenas no ocaso do militarismo feroz, em 1979, e mesmo assim com alguns cortes. Eles não davam o braço a torcer. Uns dizem que O Último Tango foi um filme libertário. Visto hoje é quase inocente, porém é preciso olhar com os olhos daquela época. Hoje apenas os que a viveram terão a percepção do que significou. Brando teve sorte nos anos 70. Depois de O Último Tango ele entrou para O Poderoso Chefão e ganhou um Oscar, recuperou seu prestigio, reiniciou suas manias. Foi o derradeiro gigante de Hollywood. Hoje tem uns bons, mas meia boca perto dos verdadeiros atores. Vi o filme certa tarde em Paris, onde estava a trabalho, fazia a revista Planeta aqui. Um dia de muita chuva, desci do metrô nos Champs-Elysées e corri duas quadras, me molhei, mas consegui ingressos. Assisti duas vezes, comprei fotos do filme, revistas sobre, o que consegui, gostava de me documentar. Hoje em DVD o filme entra em qualquer casa. Bendita a democracia. Quem não se saiu bem da empreitada foi Maria Schneider que, depois, só acertou um filme com Antonioni, Profissão: Repórter. Era cedo demais para o estrelato mundial e para as pressões. Também não era uma atriz formada, apesar de filha de um grande ator francês, Daniel Gelin. Ela andou ao contrário da vida em desamores, drogas, bebida. Morreu cedo. Quando vi que a Schneider já tinha quase 60 anos me assustei. Nessas horas vemos como tudo é rápido, como o ontem vira o amanhã em dois minutos.

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Loyola Brandão, escritor e jornalista, 35 livros publicados, começou como crítico de cinema e nos anos 50 frequentou muito Marilia e o Clube de Cinema.Vivia na alfaiataria do Roberto Cimino batendo papo. Ele diz que Cimino deve ter atrasado muitos ternos de clientes, porque numa conversa sobre cinema esquecia tudo. Fez também programas juntamente com Fausto Canova na rádio local, quando estava em férias aqui.

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A Banda

comentários: Rosa Maria Batista Dantas - Cinéfila, Psiquiatra (Docente da FAMEMA) e Psicanalista pela SBPSP (Soc. Bras. de Psicanálise de SP)

Bikur Ha-Tizmoret / The Band’s Visit)

O filme é uma produção de Israel/França/EUA, no ano de 2007, baseada em um fato real e tem como diretor e roteirista o israelense Eran Korilin, que vem acumulando prêmios em diversos festivais de cinema.

A Banda, apesar de ser uma produção com baixo orçamento, recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards de Melhor Filme Estrangeiro. Ganhou 2 prêmios no European Film Awards, nas categorias: de Melhor Ator (Sasson Gabai) e Descoberta do Ano. Foi ainda indicado na categoria de melhor roteiro. Ganhou o Prêmio da Juventude, o Prêmio FIPRESCI e o Juri Coup de Coeur, na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes. Ganhou o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio do Público, no Festival de Copenhagen. Vencedor do prêmio de Melhor Filme, de acordo com a Academia de Cinema de Israel, foi desqualificado da disputa na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2007 porque metade da obra é falada em inglês. Isto foi uma pena, pois certamente diminuiu a divulgação deste filme que trata de maneira singular sobre um tema universal: a solidão.

Os oito membros da Banda Cerimonial da Polícia de Alexandria (Egito) desembarcam no aeroporto de Telaviv para ir tocar numa cidade do interior de Israel, onde no dia seguinte vai ser inaugurado um Centro de Cultura Árabe. Como por problema de idioma não conseguem se fazer entender, vão parar numa outra cidade no meio do deserto ao sul da Palestina. Lá chegando, descobrem que só haverá outro ônibus na manhã do outro dia, e assim eles ficam nesta cidade acolhidos por Dina, que é uma mulher liberada e com bastante iniciativa.

Neste filme somos presenteados com uma ótima trilha sonora, onde aparece o jazz (referencia a Chet Baker) e também música árabe. A fotografia é belíssima; o ritmo do filme é às vezes lento (tempos estendidos, ao estilo do diretor Antonioni), e também com características do cinema de Wim Wenders. O que é perfeito e casa muito bem com o cenário escolhido. Mergulhamos assim no universo da solidão, não só do lugar em si, mas muito mais no dos personagens, tanto dos músicos quanto das pessoas que ali vivem.

Com o decorrer do filme, quase podemos nos esquecer de que os personagens pertencem a dois grupos tradicionalmente conflituosos entre si: egípcios e israelenses. No entanto, a história mostra o quanto estes dois povos, algumas vezes inimigos, são parecidos. Esse é também um grande atrativo neste filme. Os personagens são universais, facilmente identificáveis e verossímeis, independente de qualquer nacionalidade. A exposição do mundo interior desses personagens, mostrados apenas como pessoas comuns, com suas aspirações, frustrações, medos e tentativas de acolher o outro, é conduzida com sensibilidade, sutileza, humor e leveza como todo diretor versado na arte e na magia do bom cinema é capaz de realizar.

È um prato cheio para os cinéfilos. Assistam!!!! Procurem em sua locadora ou pelo telefone: 34225746.

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Histórias do Cine Marília (Zugudu)

Ah!... as matinês de domingo. Será que a criançada de hoje sabe o significado de uma matinê? Para nós, nascidos nos anos 50, era assim: início da sessão às duas horas da tarde, término às cinco. Mas chegávamos em frente ao Cine Marília uma hora antes para a troca de gibis - Batman, Zorro, Cavaleiro Negro, Pato Donald, Recruta Zero, entre tantas outras capas - raridades que hoje são cobiçadas por colecionadores.

No saguão da sala de espera, uma passagem obrigatória pela bomboniere. Ali, entre balas Chita e 7 Belo, moedas e cigarrinhos de chocolate Pan, havia um confeito muito especial, bala de coco, embalada como nas melhores festas de aniversário, feita artesanalmente pela minha madrinha, tia Bindinha, professora, esposa do Altino, filho do "Seu" Alfredo Therezo, dono do Cine Bar. Na condição de afilhado, tinha algumas prerrogativas com o meu tio, mais conhecido como "Catuta". Lembro que levava uma nota amarelinha de Cr$ 2,00 (dois cruzeiros), que homenageava o Duque de Caxias, e pedia como todo menino suas guloseimas. A nota voltava junto com o pedido, um punhado de confeitos, em quantidade maior do que o valor do pedido, para degustar durante o filme inteiro.

Na sala de exibição, antes da sessão, música ambiente sob a responsabilidade de orquestras famosas como Simonetti, Tabajara, Ray Coniff, entre tantas. E o início era precedido por um verdadeiro ritual: as cortinas, que não deixavam a tela nua, abriam-se lentamente, afastando-se uma da outra, bailando ao som do "tam, tam, tam, tam, tam, tam..." - é bom frisar não se tratar de nenhum hino dedicado à empresa aérea do fazendeiro Novaes - a TAM- nascida Táxi Aéreo Marília e que hoje voa internacionalmente, impulsionada pela família Rolim. Era apenas o tema musical de abertura da sessão, tão esperado pela criançada e tão presente na memória 50 anos depois...

Antes do filme passava o jornal de notícias – Canal 100, se não me engano - trazendo a imagem de JK no meio de candangos na construção de Brasília, mostrando um futebol que nos levava para dentro do gramado. Depois vinha o principal, geralmente um filme de faroeste ou história infantil da Disney. E como sobremesa, um "seriado": funcionava em capítulos, a exemplo das novelas de hoje, mas tínhamos de esperar a continuidade até o próximo domingo para saber o que fariam Batman e seu fiel escudeiro Robin contra as forças do mal. O cinema, com assentos de madeira, foi construído com portas laterais de saída, que davam para a Rua Campos Sales.

À noite, tempo de Atlanta: Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo, Mazzaropi, só para lembrar de alguns protagonistas, compunham os grandes sucessos de bilheteria. As filas desciam da Sampaio Vidal até a Rua 4 de Abril. Dos estrangeiros, assisti maravilhas como "Melodia Imortal", "Por Quem os Sinos Dobram", "Assim Caminha a Humanidade", "Meu Passado me Condena" e, particularmente, o filme "Escravas do Medo", nome original Experiment in Terror, um suspense do diretor Blake Edwards,que me fez prender a respiração em várias cenas. No elenco brilhavam Glenn Ford, Lee Remick, Ned Glass, Stefanie Powers, Roy Poole, Anita Loo, Patricia Huston, Gilbert Green, Clifton James, Al Avalon.

Há marcas indeléveis na minha memória sobre o Cine Marília: as cadeiras reservadas para o Prefeito, Juiz e Delegado, vestidas com capas de pano e respectivos cargos grafados. Não sei porque o privilégio não contemplava o bispo, depois arcebispo Dom Hugo Bressane de Araújo. Provavelmente não gostava, fora o vinho, dos prazeres da arte mundana.

Lembro do Festival de Cinema com a entrega do Troféu Curumim. O palco, fixo frente à tela, era utilizado em raras ocasiões, quando eventos importantes aconteciam. O Festival de Cinema era um deles, justificava a presença de uma orquestra tocando ao vivo antes da entrega do troféu, com inspiração indígena (Curumim significa menino no idioma Guarany), às celebridades que vinham, principalmente, de São Paulo e Rio de Janeiro.

Recordo-me que certa vez a UMES-União Mariliense dos Estudantes Secundários organizou um coquetel no saguão para recepcionar Chico Buarque de Hollanda e Toquinho, por volta das cinco da tarde, contratados pela entidade para um show, à noite, no Yara Clube. Deram o "cano", não prestigiaram o nosso esforço, preferiram beber num boteco lá pelos lados da Rua Coronel Galdino. Mas, durante o show, nos bastidores, se a memória não me falha, o saudoso Galileu (Fernando Mazzini) conseguiu um autógrafo do Chico, no violão que levara especialmente para a assinatura.

Ah!... Cine Marília, não seria o que foi sem o gerente Ezequiel. Ficou famoso o grito da plateia: - "Ôôô!!! Ziquié Mentiroso!", toda vez que o filme era interrompido por falta de energia ou quebra da fita. Conta o folclore que certa vez, em São Paulo, dois marilienses, que não se conheciam, estavam numa mesma sessão de cinema. Quando surgiram algumas imagens distorcidas na tela, um deles não pestanejou e tascou: "Ôôô!!! Ziquié Mentiroso!". O conterrâneo devolveu: "Sai daí, caipira de Marília!"

O Ezequiel, inclusive, sofreu as consequências de um assalto às bilheterias do cinema, autoria de dois beatniks marilienses, jovens inconseqüentes, por sorte, não à mão armada. Levou uma paulada na cabeça que deixou marcas por um bom tempo no couro cabeludo, na verdade com escassez de cabelos. O Ezequiel era um pouco albino, cheio de pintas na pele. Há suspeitas que um dos rapazes saiu da cena do crime direto para o confessionário na Igreja Santo Antonio. E, segundo a lenda, o sacerdote não guardou o segredo sagrado da confissão. Será?

O Cine Bar ficava no prédio ao lado; funcionava como complemento arquitetônico do cinema, cordão umbilical. Ali se fabricava um sorvete dos deuses, havia um pássaro preto ensinado, que alçava pequenos voos no seu interior, parando nos ombros dos Therezo. À noite, a rapaziada tomava Hi-Fi nas mesas disputadas na calçada, em frente ao bar, de olho no desfile feminino pela avenida principal. O garçon Elias, gordinho, alegre e satisfeito, sempre alinhado com a sua farda tipo smoking, camisa branca impecável e gravatinha borboleta, sabia da vida de todo mundo e fez parte desta história por mais de 30 anos.

Ah!... Cine Marília, palco do meu primeiro de beijo na boca. Tinha 15 anos naquele começo de abril de 1966. Estávamos no mezanino do cinema, recém-reformado, que recebeu novos assentos e virou o setor Pullman. Acho que ela usava um vestido vermelho de veludo, pois combina mais com as minhas reminiscências. Sentado a poucos metros, havia um ex-namorado,inconformado, com muito ódio no coração, deixado naquele dia pela sua princesa encantada. Saímos antes da sessão terminar.

Ah!...Cine Marília, de tão boas lembranças, destruído para dar espaço à construção de um banco, frio e sem o glamour dos romances na tela e na plateia. A derrubada ocorreu em 1983 e o prefeito era o Abelardo Camarinha, mas, justiça seja feita, com raras exceções, poderia ser qualquer alcaide deste Brasil, sem forças e sensibilidade para resistir à destruição de "coisas belas".

Luiz Casadei Manechini (Zugudu) é jornalista, com mais de 30 anos de atuação nos principais meios de comunicação de São Paulo. Nascido em Marília, deixou a cidade aos 20 anos, a exemplo de tantos jovens da época, rumo à metrópole, para seguir os estudos e trabalhar.

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Ata & Desata

Nas atas de 11 de dezembro de 1977 e de 08 de janeiro de 1978 (993ª e 994ª reuniões), determinava-se a ida de Benedito André, Paulo Ernesto e Alberto Nardi Jr a Botucatu, para rever a programação do CCM, frente à proposta da Empresa Teatral Pedutti de assumir as sessões das 10:00 horas (ou seriam 22:00?) aos domingos. Projetava-se em 35 mm "Escalada ao Poder", em 17 e 18 de dezembro; "Inverno de Sangue em Veneza", em 24 e 25 de dezembro (em pleno Natal!!!); em 01 e 02 de janeiro (Ano Novo!!!!), "O Pedestre"; em 07 de janeiro, " O Jogo com o Fogo".

Recebidas cartas de felicitações pelo Natal e Ano Novo de Max Feller, Secretário de Estado dos Negócios da Cultura, Ciência e Tecnologia; Wilson Santoni; Carlos Vieira; Amy Courvasier; Emil Lufti; Anselmo Duarte; Octavio Torrecilla; Federação Santista de Teatro Amador; Banda Marcial do Colégio Cristo Rei; Rádio Clube de Marília, Clube de Cinema de Porto Alegre; Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas; Cinema International Corporation; ETP; Indústrias Melhoramentos; Columbia Pictures; Cinedistri; Consulado Geral da Suécia e da Noruega.

Compareceram às reuniões Antônio Carlos Franco (presidente) e os diretores: Benedito André, Marília Regina de Freitas, Maria de Lourdes Horiguella e Darcy Christianini. (T.Therezo)

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"O Cisne, o negro e o branco"

Impressiona pela magia e beleza o filme "O Cisne Negro", merecidamente ganhador de Oscars e contagiante pelo seu enredo. A história retrata o esforço que faz uma bailarina norte-americana para ser bem sucedida em sua carreira, em grande parte influenciada pelas restrições e pressão psicológica de sua mãe e de si própria. Renunciando à vida, aos seus prazeres e às suas vicissitudes, no intuito de se entregar cada vez mais à técnica e aos estudos, nossa heroína perde o sentido de viver. Por isso mesmo, torna-se incapaz de transmitir vida, espontaneidade e naturalidade ao seu bailado. Em outras palavras, não tem brilho, não é livre, não é tão humana como gostaríamos que fosse.

É simplesmente aterrador e ao mesmo tempo fascinante vermos desfilar na tela o fracasso afetivo da bailarina, em grande parte devido à falta de sexualidade que a personagem demonstra, provocada pela castração e controle da mãe. Percebendo a luta que se trava no interior da bailarina, é o seu diretor que lhe chega a dizer: "a única pessoa que pode te atrapalhar é você mesma". É mais esplendoroso ainda como o filme nos mostra o poder da sexualidade em nos fazer indivíduos e únicos. De fato, sem o amor que ela nos proporciona, cada gesto se torna automático, o nosso comportamento fica sem graça, tudo acaba sem vida.

Castrada, a bailarina não é capaz de se soltar em sua dança, tornando-se uma personagem sombria, que mais lembra um autômato do que um ser humano. Livre por alguns momentos do jugo materno e de sua própria crítica, ela se torna única e viva, legítima representante da natureza humana, com que muito nos deleitamos quando nos vemos representados. Sempre dividida entre o bem, simbolizado pela mãe, pelo status quo, pela técnica e pelo cisne branco, e o mal, representado pela inovação, pelas amigas, pela sua maturação como mulher, pela verdadeira arte e pelo cisne negro, a bailarina não consegue enxergar como podemos possuir ambas as faces e, por isso mesmo, acaba partindo sua personalidade ao meio, apresentando então surtos esquizofrênicos.

Apesar disso e talvez por causa da aceitação de seu lado "mal", a bailarina consegue o seu momento de glória, dançando de maneira espetacular: naquela hora, no palco, é ela mesma que está ali, em sua plenitude e totalmente íntegra, livre das amarras sexuais e de qualquer preconceito, pronta para brilhar, adquirindo de maneira tão intensa a natureza humana que, por estes instantes, ela se aproxima da própria imagem do Criador.

É neste ponto também que a música de Tchaikowsky se apresenta com o máximo de sua força, nisto consistindo um outro segredo e uma outra surpresa do filme. Com efeito, se os acordes da "Dança do Cisne" tivessem se mostrado desde o começo da história, eles não teriam tido o impacto que obtiveram ao terem se apresentado no fim. Que extraordinário recurso do diretor ao proceder assim com a música, já que deixa-se para o ponto mais emocionante da história os sons inebriantes de Tchaikowsky, que enchem os nossos ouvidos,ao mesmo tempo que nos transportam para um mundo belo e irreconhecível, tão cheio de luz que ele é.

E o que o próprio Tchaikowsky diria sobre a continuidade de sua música, ao sabê-la ainda executada tantos anos após sua morte? Pois bem: o filme começa com uma afirmação do diretor sobre o fim próximo do balé. Talvez ele acabe um dia, assim como a boa música, a literatura e o próprio cinema-arte. Mas ao ouvirmos a música esplendorosa e absoluta de Tchaikowsky, podemos ter certeza de que tudo isso vai permanecer. Pelo menos, por um bom tempo ainda. (T.Therezo)

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Frases cinematográficas

"-Eu não sou má, só fui desenhada desse jeito". Por Jessica Rabbit (com a voz de Kathleen Turner) a Bob Hoskins em "Uma Cilada para Roger Rabbit", 1988.

"-Se um homem dissesse isso para mim, eu quebraria o seu pescoço. Eu sou um homem! Bem, eu queria dizer um homem muito menor". Por Woody Allen e Uncle Sasha em "A Última Noite de Borus Grushenko", 1975.

"-Eu não vivo com você. Nós ocupamos a mesma jaula". Por Elizabeth Taylor a Paul Newmann em "Gata em Teto de Zinco Quente", de 1958.

"-Eu a odeio tanto. Não consigo parar de pensar nela nem por um minuto". Por Glenn Ford sobre Rita Hayworth, em "Gilda", de 1946.

"-Onde está o resto de mim?". Por Ronald Reagan a Ann Sheridan, depois de ter as pernas amputadas, em "Em Cada Coração Um Pecado", de 1941. "-Rosebud". Por Orson Welles, ao morrer, em "Cidadão Kane", de 1941.

"- Nunca odeie os seus inimigos. Afeta o seu julgamento". Por Al Pacino a Andy Garcia, seu sucessor, em "O Poderoso Chefão", de 1990.

"-Eu não sou um animal". Por John Hurt, em "O Homem Elefante", de 1980.

Fonte: "Cinema Falado", de Renzo Mora, Lemos Editorial, 1999.

PS: A propósito, quem disse "A Terra é Azul" foi Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir para o espaço, num vôo da Vostok-1, da ex-URSS. Aliás, o vídeo e o áudio do lançamento de Gagarin está disponibilizado para download no YouTube (Fonte: O Estadão, 12-04-2011, A18). É evidente que Gagarin não pronunciou isto num filme, mas para os cinéfilos é como se fosse, não é mesmo? (T.Therezo)

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Lançamento em DVD - RED-aposentados e perigosos

Nada como envelhecer com dignidade.

Amadurecer é saber que algumas coisas na vida mudam inevitavelmente, mas outras coisas devem permanecer. É clichê, mas deve-se manter uma certa jovialidade, que é um estado de espírito.

Quem cresceu nos anos oitenta assistindo filmes de ação não esquece de Bruce Willis, o eterno John McLane de Duro de Matar, e tantos outros personagens marcantes.

O fato é que Bruce Willis envelheceu, mas não perdeu sua verve de ator para papéis de durão. E, junto com Morgan Freeman e John Malkovich, Willis estrelou um dos filmes mais divertidos de 2010 e que saiu recentemente em DVD por aqui.

RED - Aposentados e Perigosos é um filme sensacional. Não só pelas atuações brilhantes, mas também pelo roteiro envolvente, uma montagem eletrizante e direção competente.

O filme conta a história de Frank Moses (Bruce Willis), um agente da CIA aposentado, que mora sozinho e passa o tempo conversando por telefone com a garota da assistência social, Sarah Ross (Mary-Louise Parker), que cuida de sua aposentadoria.

Eis que Frank começa a ser perseguido por assassinos desconhecidos. Eles descobrem sua ligação com Sarah e ele vai protegê-la. Para descobrir o que está acontecendo e quem está tentando matá-lo, Moses conta com a ajuda de Joe Matheson (Morgan Freeman), Marvin Boggs (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren), todos agentes aposentados.

Assim começa uma trama cheia de surpresas, que faz com que estes senhores tenham que pôr em prática todo seu conhecimento e habilidades com armas. O filme é explosivo e engraçadíssimo. John Malkovich está impagável como um agente paranóico que vive escondido com medo de satélites,telefones celulares e internet. É o típico coadjuvante que rouba a cena. Bruce Willis tem um timing para comédia surpreendente e Mary-Louise Parker também apresenta uma atuação brilhante.

O longa é dirigido pelo "novato" Robert Schwentke. Diretor alemão que tem neste RED seu primeiro filme de grande sucesso comercial. Schwentke apresenta uma direção dinâmica e caprichada, deixando os atores bem à vontade em seus personagens. A montagem é eletrizante, acrescentando muito ao filme nas cenas de ação. O roteiro esperto e envolvente é de autoria de Jon Hoeber e Erich Hoeber, autores de Terror Na Antártida (2009).

Este filme é mais que recomendado. Divertido e interessante, com grandes atuações. Grande opção para fins de semana monótonos!

por: Paulo Argollo paulo.g.argollo@gmail.com

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Errata: Na edição passada publicamos que as placas com os nomes de Benedito André e Roberto Cimino nunca tinham sido afixadas. Na verdade, elas o foram, porém, posteriormente acabaram sendo retiradas. (T. Therezo)

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(posted elisilvéria)

Informativo do Clube de Cinema

Clube de Cinema de Marília

Entidade sem fins lucrativos. Desde 1952 a serviço da cultura cinematográfica.

Declarado de utilidade pública pela Lei número 648, de 26 de Junho e 1957.

O CURUMIM = Edição 2º. Bimestre 2011 - parte 1a./2

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EDITORIAL

Em reunião com a Secretária Municipal de Cultura, Prof. Yara Pauli, realizada no dia 9 de fevereiro de 2011, na sede do CCM, à Avenida Sampaio Vidal, 245, foi discutida a regularização das dependências do acervo e da sala "Emilio Pedutti Filho". Já com os documentos pertinentes em mãos, a Prof. Yara comprometeu-se a solicitar ao Governo do Estado a devolução para o Município das salas do acervo, onde antigamente funcionava parte das oficinas "Tarsila do Amaral". Com a posse municipal dessas dependências, será então enviado projeto para o Sr. Prefeito, no qual constará a doação dessas dependências para o CCM, em regime de comodato, por um prazo de 10 anos.

Quanto à sala de projeção, concordou-se em se recolocar a placa com o nome de "Emilio Pedutti Filho", ocasião que deverá ter lugar no próximo aniversário do CCM, em outubro deste ano. Tal sala, também da Prefeitura Municipal, ficará à disposição do CCM para as suas exibições, e ainda ao Cinecultura, em sua programação regular de terças e quintas-feiras à noite, bem como quartas à tarde.

Para nós, do CCM, trata-se de uma vitória apenas parcial, principalmente pelo fato de não constar no projeto a cessão em comodato também da sala da projeção, que nos asseguraria a certeza de sempre podermos contar com um recinto para exibirmos os nossos filmes. Além do mais, num passado remoto, não foi esta sala projetada em razão da existência do CCM, com poltronas de madeira doadas inclusive por Emilio Pedutti? Como abrir mão do direito e da responsabilidade pelo uso da sala, se ela foi montada por causa do CCM, com apoio inclusive da própria Secretaria Municipal de Cultura? Uma instituição tão tradicional, de utilidade pública e sem fins lucrativos, como é o CCM, não merece ter assegurado um lugar para realizar a sua programação cultural? (T.Therezo)

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COMPONENTES DA DIRETORIA DO CCM

Presidente: Dr. Altino Luiz Silva Therezo;Vice-Presidente: Dr. Luiz Fernando

Cardoso; 1ª Tesoureira: Diva Rodrigues de Sousa; 2ª Tesoureira: Ilda Aparecida

Cappannacci; 1º Secretário: Sr. Pedro de Marco; 2ª Secretária: Elionora Silveria;

Conselho Fiscal: Dr. Alexandre Cerqueira

Cesar Junior. Endereço eletrônico para correspondência: altinoth@hotmail.com

Colaboração: Laboratório Virchow de

Anatomia Patológica e Citopatologia

Dr. Altino Luiz Silva Therezo e

funcionários: Vera Lúcia Crepaldi, Valdeir

Vieira da Silva e Marinalva de Araújo

Ferreira.

REUNIÕES DA DIRETORIA


Dando cumprimento a seus estatutos, o CCM, sob a presidência do Dr. Altino Luiz Silva Therezo, com a participação dos demais diretores: Sra. Ilda Cappannacci, Sra. Diva Rodrigues de Souza, Sr. Pedro de Marco e Dr. Alexandre Cerqueira Cesar Jr, reuniu-se em janeiro no dia 26; em fevereiro, nos dias 02 e 09; em março, no dia 19. (T.Therezo)

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Notícias do mundo do cinema

* A Cinelândia, oficialmente chamada Praça Floriano, onde Obama deveria ter discursado em sua visita ao Rio, foi cena de uma filmagem, realizada há 65 anos, numa das mesinhas do Bar Amarelinho. Cary Grant e Ingrid Bergman, em"Interlúdio", de Hitchcock, faziam o papel de dois espiões americanos, num charmoso filme sobre a nascente Guerra Fria, que seria oficialmente reconhecida somente um ano mais tarde, em 1947. Por ser uma praça movimentada, tendo ao fundo o majestoso prédio da então Embaixada dos Estados Unidos, onde funcionava o "Office of Strategic Services"(OSS), foi escolhida para se disfarçar o encontro dos dois espiões. Também em 1947, Truman visitou o Rio, trazido pela "Conferência para a Manutenção da Paz e Segurança Continental", em setembro, justamente no mês em que o OSS virou a CIA (Estadão, 20-03-2011, J3).

* Morre Blake Edwards: casado há 35 anos com Julie Andrews, ele criou Bonequinha de Luxo e a inesquecível série da Pantera Cor-de-Rosa, com Peter Sellers, que interpretava o famoso inspetor Clouseau. Edwards, que também dirigiu Sellers em "Um Convidado Bem Trapalhão", morreu em 15 de dezembro de 2010, aos 88 anos de idade, por uma pneumonia. Ele nasceu em Tulsa, Oklahoma, em 1922, e como filho de atores, iniciou-se cedo no cinema. Em 1960, escreveu para Richard Quine o filme "Aconteceu num Apartamento", com Jack Lemmon e Kim Novak. Com sua mulher, ele fez "Victor/Victoria", "Lili, Minha Adorável Espiã" e "Assim é a Vida" (Estadão, 17-12-2010, A22).

* Tchaikovsky está entre nós. O compositor russo permeia os filmes atuais, incluindo "O Cisne Negro" e também "O Concerto", de Radu Mihaileanu. Escreveu Tchaikovsky, em uma carta de março de 1878: "certa noite fui tomado pelo fogo de uma inspiração inesperada". Três semanas depois, um concerto para violino estava pronto. No filme "O Concerto", um maestro russo e seus colegas de orquestra passam por todo tipo de adversidade para finalizar uma apresentação, interrompida por um líder partidário. (Estadão, 05-01-2011)

* O ator argentino Ricardo Darin, mais conhecido entre nós pelo filme "O Segredo de Seus Olhos", é agora o protagonista de uma comédia chamada "Um Conto Chinês". Dirigido por Sebastian Borenstein, o filme versa sobre um ranzinza senhor de uma casa de ferragens que se vê às voltas com um chinês que não fala uma palavra de espanhol. Admirador do Brasil e do cinema brasileiro, Darin tem propostas para filmar em nosso país (Estadão, 22-03-2011, D11).

* O filme "Orfeu Negro", de 1959, foi citado no discurso de Barack Obama em visita ao Rio. Baseado em uma peça de Vinícius de Moraes, o filme, dirigido por Marcel Camus, projeta o mito grego de Orfeu e Eurídice numa favela carioca. "Orfeu Negro", com um registro mágico e adocicado da realidade brasileira, ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1959 e o Oscar de Filme Estrangeiro em 1960 (Estadão, 21-03-2011, A4).

* Numa sexta-feira de março, a presidente Dilma abriu as portas do Palácio da Alvorada para uma sessão cinematográfica com a apresentação do filme "É Proibido Fumar", da premiada cineasta Ann Muylaert. O evento, iniciado às 19:00 horas, foi longe, com um jantar que terminou por volta da uma hora da manhã. Prova de que a presidente, além de ter bom gosto e ser boa anfitriã, é uma cinéfila de primeira hora: vamos entrar em contato com ela e nos apresentar? (Estadão, 27-03-2011, A10).

* Morreu Elizabeth Taylor, aos 79 anos, no Cedars-Sinai Hospital em Hollywood, de complicações cardíacas. Os mais lindos olhos azuis do cinema se fecharam para sempre, deixando para trás uma beleza extraordinária e importantes papeis em vários filmes, como: "O Pecado de Todos Nós", "Gata em Teto de Zinco Quente", "Quem tem medo de Virginia Woolf", "Assim Caminha a Humanidade", "Ivanhoé", "A Mocidade é Assim", "De repente, no Último Verão" (Estadão, 24-03-2011, D1 e D5).

* No aniversário de nossa cidade, a jornalista Laíse Araújo publicou matéria sobre o CCM, com o significativo título: "Marilienses tem opção cultural há 58 anos". Na reportagem, ela destaca o papel cultural do nosso Clube, tanto no passado como no presente. Parabéns à Laís, por ter percebido a importância histórica e artística do CCM!! (Correio Mariliense, 03-04-2011, D1).

* Enviado ao CCM, em 14 de março de 2011, ofício de número 733, do Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Marília, Vereador Yoshio Takaoka, com a assinatura dos demais vereadores, congratulando a atual Diretoria do CCM, pelo magnífico trabalho que vem sendo desenvolvido. O CCM, honrado com a homenagem, agradece desde já à distinta Câmara Municipal de nossa cidade. (T.Therezo)

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Efemérides

No "O Curumim", número 37, de janeiro de 1960, lia-se como anunciantes: "A Ferragista", situada à Rua Coronel Galdino, 297, fone: 4161; e "Cantina do Compadre - onde melhor se come na cidade", à Rua Armando Sales de Oliveira, 65, fone: 9196. Trazia ainda as correspondências expedidas e recebidas, entre elas: Centro Acadêmico Roberto Simonsen, Mesbla S/A, Museu de Arte Moderna, Empresa Teatral Pedutti Ltda, Centro dos CineClubes, Clodoaldo Sampieri, Roberto Condelli, Cine Clube de Aveiro (Portugal), Consulado Geral Americano, Metro Goldwin Mayer, Unifrance Filmes, Paramount Films Inc, Getam, Clube de Cinema de Santos, Clube de Cinema de Ribeirão Preto, Dr. Fernando Mauro Pires Rocha, Carlos Vieira, Douglas Ricci, Dr. Miguel Argollo Ferrão, Vasco Granja. Apresentava também o movimento de Caixa do mês de novembro e dezembro de 1959, com saldos de 22.831,00 e de 18.410,00 cruzeiros, respectivamente, e relatava a reunião do Conselho Consultivo do Clube, ocorrida na manhã do dia 24 de janeiro de 1960, com a presença de: Ilmo Ricci, Dr. Manoel Peregrino da Silva e Milton Diniz Jorge.

Entre as atividades do CCM, é narrada a ocorrência de duas sessões culturais, realizadas na noite dos dias 23 e trinta de janeiro de 1960, com a apresentação de documentários enviados pelo Institut Hans Staden, Filmoteca Cultural da Shell e Consulado Geral Americano, com referência especial ao "Ciência e Vida", dirigido por Karl Schrey, com música de Oskar Sala.

Constava também a apresentação, na noite de sábado, de dezesseis de janeiro de 1960, na segunda sessão do Cine Marília, "gentilmente posto à disposição do Clube pela Empresa Teatral Pedutti Filho, que na pessoa do seu representante, Sr. Manoel Neves Pires, tem se desdobrado em servir aos justos anseios do CCM", do filme: "Grilhões do Passado", cujo roteiro, direção e diálogos estavam a cargo do notável Orson Welles. (Fonte: "O Curumim", número 37, de janeiro de 1960. Redator: Luiz F. Mello Filho; secretário: Aylton J. Oliveira; diretor: José Moraes Barbosa). (T.Therezo)

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O Sentido Maior da Vida Através da Arte

Cinema é arte, vida repleta de contexto e de significados especiais, todos com o intuito de transmitir uma mensagem verdadeira aos espectadores. Interpretar o cotidiano e os sonhos, peculiares a cada ser humano, é uma tarefa desempenhada por cada ator de maneira singular.

Um dos cineastas mais importantes e influentes da história do cinema, Akira Kurosawa, que em 1989 foi premiado com o Oscar por realizações cinematográficas enriquecedoras e dignas de reflexão, baseia seu filme "Sonhos" em seus próprios sonhos, ocorridos em momentos diferentes de sua vida. No filme, as imagens são marcantes e belas, sobrepondo-se aos diálogos. Entretanto, cada fala está imbuída de um grande tesouro, uma mensagem repleta de sentido, sempre remetendo a algo importante e bem atual.

Nesse trecho descreverei um dos sonhos de Kurosawa, o último deles no filme. Há um motivo especial para escolher especificamente este sonho: a sua atualidade. A Aldeia dos Moinhos é um lugar pacato cercado por um rio e sua correnteza, revelando-nos um cenário de verdadeiro encanto,aquele em que gostaríamos de estar após um exaustivo dia de trabalho, após horas de tensão, apenas para relaxar e meditar.

Qual o sentido maior de nossa vida? A impressão que temos é que somos eternos, que cada dia é um novo desafio, mas qual o objetivo de tudo, se sabemos que nosso corpo é finito? Tudo isso deveria nos fazer repensar o nosso dia-a-dia, o modo como encaramos nosso trabalho e família, nossas preocupações e sentimentos, sejam eles bons ou ruins, enfim, o modo como agimos e em que colocamos nossos verdadeiros valores.

Na Aldeia ou Aldeia dos Moinhos de Água, toda casa possui um moinho. Neste sonho um viajante encontra um sábio ancião que está consertando uma roda quebrada de um moinho, e com ele mantém um diálogo. O ancião lhe explica que as pessoas do vilarejo decidiram há muito tempo abrir mão da influência da tecnologia. Ali não há eletricidade e, segundo ele, as pessoas se acostumam com a conveniência pois acham que ela é melhor e jogam fora o que é realmente bom. A iluminação é feita com velas e óleo de linhaça.

O viajante diz: - Mas a noite é tão escura... E o ancião: - A noite tem de ser assim, pois por que deveria ser clara como o dia? Eu mesmo não gostaria de não ver as estrelas à noite. E o jovem continua comentando: - Vocês têm arrozais, mas não têm tratores para cultivá-los. E o ancião: - Não precisamos deles, pois temos bois e cavalos e usamos lenha como combustível. Não achamos certo cortar as árvores, bastam as que caem sozinhas, pois as cortamos e usamos como lenha. E, além disso, fazendo carvão com a madeira, poucas árvores gerarão tanto calor quanto uma floresta inteira. O esterco de vaca também é bom combustível.

O ancião ainda continua, ao que o jovem escuta atentamente: - Tentamos viver como o homem vivia antigamente, é o modo natural de viver, pois hoje em dia as pessoas se esquecem de que elas são só uma parte da natureza, e a destroem, mas a nossa vida depende dela. Acham que sempre podem criar algo melhor, sobretudo os estudiosos. Eles podem ser inteligentes, mas a maioria não entende o coração da natureza. Eles só criam coisas que acabam tornando as pessoas infelizes. Mesmo assim, orgulham-se tanto de suas invenções... e, o que é pior, a maioria das pessoas também se orgulha. Elas as vêem como milagres, idolatram-nas. Elas não sabem, mas estão perdendo a natureza, não percebem que vão morrer.

As coisas mais importantes para os seres humanos são ar limpo e água limpa. As árvores e plantas nos dão isso. Tudo está sendo sujado e poluído para sempre. Ar sujo, água suja, sujando o coração dos homens...

Como desperto de um instante de reflexão, o jovem escuta ao longe uma música e pensa ser uma festa, ao que o ancião replica dizendo ser um funeral. O velho então se levanta e coloca uma outra vestimenta para acompanhar o cortejo, dizendo ao viajante que a mulher que morreu foi o amor de sua vida, mas que o trocou por outro.

Ele ainda diz: - É bom trabalhar duro, viver muito e receber gratidão. Não temos templos nem sacerdotes aqui, por isso todos os aldeões carregam o morto até o cemitério sobre a colina. Não gostamos quando um jovem ou criança morre. É difícil comemorar uma perda assim. Mas, felizmente as pessoas desta aldeia levam uma vida natural, por isso morrem numa idade avançada. A mulher que vai ser enterrada hoje viveu até os 99 anos. Eu tenho 103 anos, boa idade para parar de viver. Há quem diga que a vida é dura, mas isso é só conversa. Na verdade, é bom estar vivo, é emocionante.

E então a dança prossegue juntamente com o funeral, e o jovem se despede colocando flores sobre o túmulo de um viajante desconhecido que por ali passou há muitos anos, mas que até hoje é respeitado pelos aldeões.

Se pararmos um pouco para refletir, quanto disso tem a ver com nossa vida? Será que encontramos tempo para olhar para o céu e ver as estrelas numa noite escura, será que nossos estudiosos e políticos estão interessados em realmente fazer coisas que possuam uma utilidade prática com o intuito de ajudar todos, será que diante da morte nos conscientizamos de que nossa vida neste mundo é puro aprendizado e que deveríamos ficar felizes mais vezes, compartilharmos mais os momentos e as iniciativas para um bem maior, sorrirmos mais e amarmos mais? Enfim, a satisfação se encontra em fazermos o melhor e cada um de nós saberá o quanto isso é importante em seu próprio íntimo. O ar, a água, a natureza, o céu, tudo isso é um presente diário e gratuito a nós; deveríamos preservá-los de fato, em busca de uma vida com mais qualidade e paz.

Monica Monteiro Garavello - Tradutora e graduanda de Relações

Internacionais (Unesp - Marília)

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Personalidade do Bimestre

Quem o vê andar apressadamente pela Avenida Sampaio Vidal, saindo ou entrando no Banco Santander, não imagina que atrás daqueles passos ligeiros e óculos grossos está um grande conhecedor de cinema em nossa cidade. Para quem o conhece, fica fácil chamá-lo: com um simples Dexico ou então Cientista, como era seu apelido no Clube de Xadrez, é possível conversar (ou na maioria das vezes só ouvir) sobre filmes, atores e atrizes, principalmente do passado, além da própria história do cinema em Marília.

Sempre elétrico, Luiz Carlos de Francisco raramente nos deixa falar. Com seu entusiasmo, é sempre ele que acaba discorrendo sobre o Cine Marília, o Cine São Luiz, o Cine Pedutti, o Cine Santo Antônio, a televisão, o rádio, as personalidades de Marília e tantas outras coisas de cinema e de nossa cidade. Filho de ferroviário, Cientista nasceu em São Carlos em 2 de junho de 1946, vindo de Cabrália Paulista para Marília com 12 anos, quando seu pai, inspetor de locomotiva, transferiu-se para cá.

Estudou no antigo Ginásio Dr. Fernando de Magalhães, onde se localiza hoje o Restaurante Baby Bufallo, tendo depois disso cursado contabilidade no Colégio Comercial, além de Administração de Empresas, na Unimar, um pouco mais tarde. Em 1976, ingressou no Banco Comercial, na Avenida Sampaio Vidal, onde é hoje o Edifício Clipper, tendo lá trabalhado até 1970, quando por concurso entrou no INPS, no qual permaneceu até se aposentar como subchefe de secção. Dexico nos conta que sempre gostou de cinema, mas o seu interesse se iniciou no Marília Xadrez Clube, que fazia a assinatura do Jornal "O Estado de São Paulo", onde então via os comentários sobre filmes, que lia e guardava, a fim de conferi-los depois. Por essa época, morava na casa 2 da Colônia da Paulista, ao lado da Estação Ferroviária, e de fundo para o Jornal "A Tribuna", fundado em 04 de abril de 1968, tendo como um dos sócios o Sr. Octávio Ceshi, que foi o pioneiro em colocar comentários de filmes em jornal.

Nas rádios da cidade, Cientista conheceu o Sr. Ceshi que, sabedor de seus arquivos e de seu gosto pelo cinema, chamou-o para substituí-lo na função de resenhar os filmes, tendo escrito o seu primeiro enfoque em 15 de maio de 1968 para "Horas de Desespero", com Humphrey Bogart, em exibição no então Cine Santo Antônio. Em "A Tribuna", Cientista permaneceu até 1971, quando em 1 de agosto, sempre resenhando nas horas vagas, estreou no Jornal "Correio de Marília", de Anselmo Scarano e em substituição a Orlando Fassoni, tendo aí trabalhado até 30 de março de 2004, já com o nome de "Diário de Marília". Nesse período, comentou mais de 20 mil filmes, sempre escrevendo sob o pseudônimo de Dexico ou então como Kiko, principalmente quando colaborava com outros jornais. Luiz Carlos nos conta que foram então 36 anos de cinema, os quais vivenciou intensamente, diariamente absorto pelo que e como iria escrever e comentar.

De lá para cá, distinguiu como Melhor Ator Spencer Tracy; Atriz, Catherine Hepburn; Filme, "Os 10 Mandamentos"; Cena, o encontro entre Charles Chaplin e a heroína cega em "Luzes da Cidade"; Trilha Sonora, a de "Psicose", de Bernard Hermann; Desenho, "Branca de Neve". Durante todo este tempo, Dexico acompanhou todas as crises do Clube de Cinema de Marília; os três festivais de cinema aqui realizados e o fim dos cinemas da cidade assim como as inaugurações de alguns, posteriormente. Em 2004, em sua mudança da Rua Álvares Cabral para o atual domicílio à Avenida República, Cientista doou para o CCM uma grande quantidade de documentos, como críticas e recortes de jornal. Apesar disso, tem ainda em sua residência uma coleção de discos antigos e muitas revistas sobre cinema, entre elas a famosa "Cinemin", cujos números esperamos um dia sejam também doados para nós.

Disto tudo e principalmente dos filmes, Dexico guarda a magia do passado, com saudade dos filmes antigos, que traziam, segundo ele, forma e conteúdo, ao contrário dos de hoje, que em sua maioria possuem apenas espírito comercial.

Dos tempos em que eu o conheci no Marília Xadrez Clube, Cientista não mudou quase nada. Sempre apontado como "pão duro", já naqueles anos se divertia com as idiossincrasias de nossos companheiros enxadristas como Flávio Asperti, que vivia assobiando; o Dr. Nelson da Motta, sempre educado e elegante; o Calim Gadia, que se intitulava "irmão do campeão brasileiro"; o Emile Chueire, que costumava arriscar algumas palavras em francês; o Rui Piagudo, louco nos seus sacrifícios; o Paulo Gaeta, brilhante e sereno nas suas combinações; o Alfredinho Novaes, chegando com barulho e alarde; o João Caetano, sempre figura mais rara...Mas de quem ele mais gostava era de meu tio, o Rinaldo de Batista,antigo dono da farmácia Santa Carolina e depois gerente da Marimil, sempre pronto a palpitar nos jogos dos outros, com o que se criava a maior confusão.

"Tempos idos e vividos", como costumava dizer o Nélson da Motta, "que já não voltam mais", como falariam outros; mas que se rememoram quando se vê o nosso querido amigo Cientista andando pelas ruas. Como num filme, a imagem dele quase permaneceu a mesma, sempre apressado e ligeiro, talvez à procura de um sonho que nem ele nem nós nunca poderemos verdadeiramente encontrar... (T.Therezo)


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(elisilvéria)