CINEMA DE ARTE versus BOM CINEMA COMERCIAL, aí está a questão


Em agradecimento ao carinho e interesse do prof. CONFORTI, solicitei ao mesmo permissão para postar aqui seu questionamento, em forma de “breve comentário”, sobre o mais recente Campeão de Bilheteria da cinematografia nacional. Embora este não seja um espaço específico de debates, a pergunta reflete uma inquietação legítima, que deve permear as mentes de outros associados. Então aí vai...
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"Cara Elionora, amigos cecemistas:

Novamente, retorno.
O CCM tem alguma posição crítica contra o José Padilha (by "Tropa de Elite")?
Eu, pessoalmente acho que ele tem razão na polêmica “cinema-de-arte e cinema-comercial-bem-produzido”, em ser a favor do segundo. Perdemos muitas boas ideias pelo fato de nossos diretores serem engajados. Padilha quer fazer cinema de boa qualidade e ganhar dinheiro. Nos dias de hoje, creio ser o caminho. As gerações 60's e 70's (esta, a minha) ficaram datadas nessa área.
Indústria cinematográfica? Não creio que cheguemos a isso. Perda da arte? Depois da Bienal deste ano (do mau gosto escatológico) reformulemos a pergunta: o que é Arte?
Sempre gostei de Mazzaropi, mas ao me tornar "teen" eu entrava escondido no cinema para ver seus filmes. Seu cinema, além de ser excelente, era popular (não os três ou quatro últimos filmes dele). Rendeu-lhe dinheiro também.
Reflitamos...

Abraços cinéfilos,
M. Conforti"

Nessa data, Querido CLUBE

HOJE é 12 de outubro, feriado das crianças e de Nsa.Sra.Aparecida. Uma data especial na história do Clube de Cinema de Marília. Há exatos 58 anos, em 1952, algumas pessoas tiveram a iniciativa de criar uma entidade que valorizasse o Cinema enquanto Arte, Cultura, Criação.
Nasceu pequeno; atingiu o apogeu entre as décadas 1960 e 1980, quando instituiu o FESTIVAL DE CINEMA, o ENCONTRO DE CINECLUBES e o PRÊMIO CURUMIM. Atualmente a entidade passa por uma reformulação no quadro, enquanto promove melhorias no espaço físico: as paredes foram pintadas, a estante de madeira (altíssima) foi reformada e ganhou por fundo uma parede vermelha – retomando a cor original –; as cortinas novas estão sendo acabadas. Agora, só falta providenciar estantes que organizem o rico material ainda disperso.
Nesse dia 12 de outubro de 2010, só temos que agradecer às pessoas e entidades que prestigiam e contribuem com as atividades do Clube, por acreditar em ir além, apesar das dificuldades que surgem. Parabéns Cineclubistas !

(elisilvéria
12.10.2010)

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Carnaval Atlântida/enxurrada de alegria



Os filmes brasileiros de antigamente possuíam um quê de Magia e Encantamento.


Gênero: comédia
Direção: José Carlos Burle
Roteiro: Vitor Lima, Berliet Júnior
Produção: Décio Alves Tinoco
Música original: Lírio Panicalli
Coreografia: Juliana Yanakiewa
Fotografia: Amleto Daissé
Edição: José Carlos Burle, Waldemar Noya
Direção de arte: Pablo Olivo
Figurino: Gilda Bastos, Osvaldo Mota
Maquiagem: Paulo Carias
Efeitos sonoros: Aloísio Viana, Jesus Narvaes, Antonio Gomes, Ercole Baschera
País: Brasil

Elenco:
Oscarito ............. Prof. Xenofontes
Grande Otelo.......... Empregado do Estúdio
José Lewgoy .......... Conde Verdura
Eliana Macedo......... Regina
Renato Restier........ Cecílio B. de Milho
Cyll Farney........... Augusto
Cuquita Carballo...... Fifi
Colé.................. Pedro
Maria Antonieta Pons.. Lolita
Iracema Vitória....... Aurélia
Wilson Grey........... Amestrador de pulgas
Dick Farney
Blecaute
Nora Ney
Francisco Carlos

Um claro exemplo dessa delicadeza está presente neste CARNAVAL ATLÃNTIDA, Br. 1952, um típico exemplar das chanchadas musicais. Malícia ingênua, na dose certa de se assistir com toda a família, nem mais, nem menos.



O enredo também é simples: Oscarito é o prof. Xenofontes, compenetrado professor de mitologia grega contratado por Cecílio B. de Milho (Renato Restier) como consultor da adaptação do clássico Helena de Tróia para o cinema. Dois empregados do estúdio, que trabalham como faxineiros, sonham em transformar o épico grego numa comédia carnavalesca. Carnaval Atlântida é uma paródia exemplar do gênero “chanchada”, visto como opção viável às superproduções de fora.

Uma rápida lida no enredo é suficiente para nos fazer prever as confusões e trapalhadas que virão, sempre recheadas de grandes números musicais. Esse Carnaval Atlântida joga com elementos do popular e do erudito em situações deliciosas que nos levam a conhecer um Brasil de outra era, em ritmo mais cadenciado, mas também permite um mergulho nas raízes de nossa cultura, presente tanto no enredo quanto nas canções. Uma pena que o gênero chanchada tenha se acabado.
Tido como um Gênero Menor em face da cinematografia “séria”, a chanchada hoje é tema de inúmeros debates e trabalhos acadêmicos, pois guarda um repositório de elementos simbólicos, essenciais para se saber o Brasil daquele momento. Críticas à parte, nenhum outro gênero cinematográfico foi tão popular no Brasil, sendo os fatores que permitiam a crítica justamente os que mais agradavam a plateia...
José Lewgoy era muito novinho, bem como Oscarito. A presença de Grande Otelo é garantia de boa atuação e muita gargalhada. Outros nomes que admiro são: Eliana Macedo, Dick Farney, Colé, Nora Nei e Blecaute. Merece destaque a relação de 26 números musicais, (alguns clássicos da Música Brasileira), interpretados por grandes artistas:


"No tabuleiro da baiana" (Ari Barroso), com Grande Otelo e Eliana Macedo
"Acho-te uma graça" (Benedito Lacerda, Haroldo Lobo e Carvalhinho)
"Agora é cinza" (Alcebíades Maia Barcelos e Armando Vieira Marçal)
"Ai que saudade da Amélia" (Ataulfo Alves e Mário Lago)
"É bom parar" (Rubens Soares)
"Rasguei a minha fantasia" (Lamartine Babo)
"Serpentina" (Haroldo Lobo e David Nasser)
"O teu cabelo não nega" (João Valença e Raul Valença)
"Ninguém me ama" (Fernando Lobo e Antônio Maria) com Nora Ney
"Um domingo no jardim de Allah" (Lírio Panicalli e Ewaldo Ruy)
"Marcha do conselho" (Paquito e Romeu Gentil) com Bill Farr
"Valsa da formatura" (Lírio Panicalli e Claribalte Passos), com a orquestra de Chiquinho
"Dona Cegonha" (Armando Cavalcanti e Klecius Caldas) com Blecaute e Maria Antonieta Pons
"Quem dá aos pobres" (Klecius Caldas e Armando Cavalcanti) com Francisco Carlos
"Máscara da face" (Armando Cavalcanti e Klecius Caldas)
"Pastorinhas" (Noel Rosa e João de Barro)
"Pirata" (João de Barro e Alberto Ribeiro)
"Se a lua contasse" (Custódio Mesquita)
"Um pierrot apaixonado" (Heitor dos Prazeres e Noel Rosa)
"Praça 11" (Herivelto Martins e Grande Otelo)
"Marcha do sapinho" (Humberto Teixeira e Norte Victor), com Oscarito e Maria Antonieta Pons
"Mambo caçula" (Benicio Macedo e Bené Alexandre), com Maria Antonieta Pons e Oscarito
"Cachaça" (Mirabeau Pinheiro, Lúcio Castro e Heber Lobato) com Grande Otelo e Colé Santana
"Baião" (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga)
"Alguém como tu" (José Maria de Abreu e Jair Amorim), com Dick Farney
"Queria ser patroa" (M.Pinto e Airão), com Eliana Macedo
(elisilvéria-out2010)

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Amelia...... sinônimo fascínio

No início do século 20 as mulheres ainda não tinham conquistado grandes avanços quanto aos direitos que possuem hoje. Assim, as atitudes de Amélia Earhart causavam estranheza e fascinação.......



Neste longa Hilary Swank interpreta a aviadora Amelia Earhart, símbolo da liberdade americana, que tem como parceiro George Putnam (Richard Gere), seu editor e amante, com quem mantém um relacionamento tempestuoso, movido pela ambição, admiração mútua e por um grande amor, cujo vínculo não consegue ser quebrado nem mesmo por um breve romance entre Amelia e Gene Vidal (Ewan McGregor). Elenco:
Hilary Swank … Amelia Earhart
Richard Gere … George Putnam
Ewan McGregor … Gene Vidal
Christopher Eccleston … Fred Noonan
Joe Anderson … Bill
Cherry Jones … Eleanor Roosevelt
Mia Wasikowska … Elinor Smith
Aaron Abrams … Slim Gordon
Dylan Roberts … Leo Bellarts
Ryann Shane … Amelia
Ficha técnica:
título original: Amelia
gênero: Drama cinebiográfico
lançamento: 2009 (Canadá)/(EUA)
direção: Mira Nair
· site oficial:http://www.ameliafilme.com.br
· distribuidora: Fox Searchlight Pictures
· roteiro:Anna Hamilton Phelan e Ronald Bass, baseado no livro "East to the Dawn: The Life of Amelia Earhart", de Susan Butler, e "The Sound of Wings: The Life of Amelia Earhart", de Mary S. Lovell

Continuando as rápidas observações sobre a presença feminina em obras (ficcionais e de não ficção), chegamos à pioneira Amelia Earhart, mulher nascida nos Estados Unidos no séc.XIX, que em 1937 ousou impor sua genialidade no livro das viagens e conquistas aéreas. Nasceu no Kansas (EUA) em 1897, foi heroina em seu país, onde recebeu diversos prêmios por seus feitos aéreos. Conquistou "The Distinguished Flying Cross", por ter sido a primeira mulher a voar sobre o Oceano Atlântico sozinha.
Aqui é importante pincelar alguns acontecimentos, fatos reais da história do Brasil, para tentar contextualizar o tamanho dos feitos dessa audaciosa Amelia (bem diferente daquela da canção, a que era “mulher de verdade”) - Samba de 1941, de Mário Lago e Ataulfo Alves, “AI QUE SAUDADES DA AMÉLIA” .
1937 é o ano de nascimento do grande violonista Baden Powell; ano de fundação da UNE –União Nacional dos Estudantes; dá-se o “caso” dos Irmãos Naves, então chamado “o maior erro judiciário do Brasil”. Outros fatos interessantes:
ano do golpe de Estado e início do governo Getúlio Vargas/Estado Novo.
· Criado o Museu Nacional de Belas Artes no Rio.
· É criado, também no Rio, o Centro de Cultura Afro-Brasileira.
· Jorge Amado publica Capitães de areia, sobre o cotidiano de menores abandonados de Salvador.
· Estréia O Rei da Vela, peça de Oswald de Andrade.
· Entra no ar a rádio Tupi, em São Paulo.
· Morre, aos 26 anos, NOEL ROSA, deixando 259 composições
· Orlando Silva grava Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro.
· No cinema estréia Descobrimento do Brasil, de Humberto Mauro.
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Coisas do filme: A moda usada pelas mulheres no período inter guerras mundiais (1918/1939) – pelo menos aquela mostrada no filme, é extremamente reta, sóbria, sem muito frufru. A postura da protagonista, por sua vez, faz acentuar essas características, com seu corte de cabelo invariavelmente “Joãozinho”, de rapaz, preferência pelo uso de calças compridas em vez de saias ou vestidos, sem falar na profissão -tipicamente masculina- abraçada por ela. Em realidade, a ‘Amelia’ construída pela atriz HILARY SWANK quase não tem traços de feminilidade, o que não quer dizer que teria deixado de viver grandes amores. Além da primazia na busca pela conquista de records na incipiente aviação, ela foi também pioneira na veiculação de propaganda e venda de produtos comerciais, atividade que fazia como forma de bancar os (altos) custos de sua carreira. No filme, aparece vendendo de tudo. Surgiam inúmeras carreiras ligadas à televisão e a função de garota propaganda - uma 'carinha bonita' que diante das câmeras exibia as novidades da indústria de bens de consumo -, era uma delas. A fama que Amelia Earhart alcançou foi tamanha, que ninguém parecia notar a contradição expressa ali: a mulher que pilotava aviões (1º. Vôo solo; 1ª. travessia do Atlântico...), muito provavelmente não tinha tempo para dedicar-se a ser uma boa dona de casa, sendo essa, afinal, a imagem que incentivava e vendia. De fato, a presença de Amelia Earhart na TV atenderia a dois papeis diversos, senão antagônicos: a) por um lado o reforço positivo do tradicional papel social de dona de casa; b) o que por outro lado, era uma maneira efetiva de conseguir recursos para fazer aquilo que mais amava: voar.
Amélia Earhart faleceu provavelmente em 1937. Seu avião e seu corpo jamais foram encontrados. Nessa produção temos um bom filme, daqueles que nos fazem querer saber mais a respeito dos personagens. Gosto de pensar que ela não morreu de fato; seu espírito inabalável continua repercutindo sonhos, ternura e aventuras, nas mulheres de garra que sonham atingir a realização através do conhecimento próprio e de ações pioneiras.
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Sinopse: Amelia Earhart (Hilary Swank) foi a primeira mulher a completar a travessia do Oceano Atlântico pilotando um avião. Este feito fez com que se tornasse uma celebridade nos Estados Unidos, onde passou a ser chamada de "deusa da luz" devido a sua ousadia e carisma. Seu fascínio pelo perigo inspirou até mesmo a primeira dama Eleanor Roosevelt (Cherry Jones). Casada com George Putnam (Richard Gere), um magnata do mercado editorial, e tendo o piloto Gene Vidal (Ewan McGregor) como seu grande amigo, Amelia decide, em 1937, embarcar na mais arrojada de suas missões: dar a volta ao mundo em um voo solo. Em 1937, partiu em viagem para realizar uma volta ao globo, porém algo deu errado enquanto Amelia sobrevoava a Ilha Howland e a aviadora desapareceu, sendo dada como morta em 1939.
Hilary Swank é vencedora de dois Oscars como Melhor Atriz: 2005 = Menina de Ouro/ Million dollar baby; e 2000 =Meninos Não Choram/Boys don’t Cry.
(elisilveria)

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