O Cantor de Jazz (1927)


O Cantor de Jazz
· Al Jolson - Jakie Rabinowitz (Jack Robin)
· May McAvoy - Mary Dale
· Warner Oland - Cantor Rabinowitz
· Eugenie Besserer - Sara Rabinowitz
· Otto Lederer - Moisha Yudelson
· Bobby Gordon - Jakie Rabinowitz (aos 13 anos)
· Richard Tucker - Harry Lee

(Jazz Singer, The, 1927)
• Direção: Alan Crosland• Roteiro: Jack Jarmuth (legendas); Samson Raphael (peça); Alfred Cohn (adaptação); • Gênero: Drama/ Musical• Origem: Estados Unidos• Duração: 88 minutos• Tipo: Longa-metragem

Quando criança assisti “O Cantor de Jazz” na Tv, na Sessão da Tarde. Tive a sorte de ver o filme original, versão em P/B, de 1927, com Al Jolson. Mesmo pela TV, a visão foi impactante e lembro de ter ficado maravilhada com a beleza da obra, as canções, o vozeirão de Jolson, e claro, acima de tudo, com a visão do ator principal com rosto pintado de preto (blackface).
Era menina e mil incógnitas avultavam então na minha mente. Por que um cantor branco pintaria seu rosto de piche? (na época eu desconhecia sua origem judaica). Na sociedade norte-americana, assim como na brasileira, não é lá grande vantagem ser negro ou passar-se por negro. Se fosse nos dias atuais, uma hipótese aventada é que Jolson estaria talvez querendo homenagear os pretos; mas por qual motivo? Isto não tem lógica.
Hoje penso... seria ele o oposto do polêmico Michael Jackson – que se tingiria de branco em decorrência do vitiligo - 50 anos depois? Antes de fazer The jazz singer Al Jolson já era artista de sucesso em Hollywood e viria influenciar as gerações seguintes (como fez). O que eu, inda menina não sabia, é que o “blackface” era uma variante teatral de grande sucesso, importada da Europa nos anos 1830, que, por ironia, começou a sucumbir logo após o sucesso de The jazz Singer, lançado em 1927.
Os negros norte-americanos detestam, não pelo artista em si, mas por aquilo que a face pintada simbolicamente representa, sendo o negro mostrado quase como uma aberração, dado os exageros. No minstrel show, no qual se fundamenta a interpretação musical de Jolson no filme, os negros são retratados como ignorantes, preguiçosos, supersticiosos e musicais por atores brancos de descendência europeia com a cara pintada de preto, tentando personificar de modo caricatural (ou abestalhado) o negro norte-americano. Como forma de entretenimento o ‘minstrel’ sobreviveu até meados de 1950, quando, a partir das conquistas do Movimento Civil norte-americano, perderia toda popularidade.
Voltando ao ator principal, não foi apenas na música que Jolson se inspirou nos negros. Numa época em que só brancos tinham acesso aos palcos de Nova York, na roupa e no gestual, ele criou um estilo único, que influenciaria as gerações seguintes. Essa influência é claramente perceptível inclusive em Michael Jackson quando este é lírico, romântico, com gestos amplos nas canções apaixonadas.
The jazz Singer é marcante por ser considerado o primeiro filme falado do cinema. Parcialmente falado, na verdade, pois ainda usava legenda de tela inteira e o som era gravado em um disco de acetato. Foi produzido pela Warner Bros. com sistema sonoro Vitaphone. Al Jolson, famoso cantor da época, canta várias canções no filme cuja história é baseada numa peça de mesmo nome, grande sucesso da Broadway em 1925 e 1927. Sua produção foi um marco histórico; projeto arriscado e visionário em uma nova tecnologia, investia suas fichas no cine falado (talkies) quando ainda era enorme o sucesso do cinema mudo.
O Cantor de Jazz foi refeito duas vezes. Em 1953, estrelado por Danny Thomas e Peggy Lee, e em 1980, no remake estrelado por Neil Diamond, Lucie Arnaz e Laurence Olivier.
Grandes cineastas como Charles Chaplin e Serguei Eisenstein, a princípio resistiram em incorporar a novidade do cine falado, porém, quase três anos depois, em 1930, 99% dos filmes eram falados.
Na contramão da evolução do cinema sonoro, grandes carreiras foram dizimadas pela chegada do som. Astros e estrelas apagaram-se, condenados ao ostracismo por não possuírem voz adequada como a de Al Jolson. A esse respeito, é indispensável assistir o clássico “Cantando na Chuva”, com o bailarino GENE KELLY, que mostra as agruras dos astros do cinema mudo quando tiveram de (rapidamente) adaptar-se à novidade do cinema falado.
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(EliSilvéria)
Marília

Tom Cruise no Brasil




O que deveria ser a grande notícia da semana (TOM CRUISE e CAMERON DIAZ ESTÃO NO BRASIL), quase passou despercebido e precisou de muito empenho da mídia para ter destaque. Eles estiveram na cidade do Rio de Janeiro muito rapidamente, apenas para promover seu mais recente trabalho; chegaram pela manhã e foram embora na noite do mesmo dia 06 de julho. Sempre simpáticos e gentis como "manda o figurino", os artistas vieram promover seu filme: “Encontro Explosivo", ficando hospedados no COPACABANA PALACE HOTEL.
Cameron passeou de helicóptero pela cidade maravilhosa e se encantou: "Vi o Rio do alto e lamentei muito que a minha passagem por aqui tenha sido tão rápida. Pretendo voltar para passar uns dias e aproveitar bem essas maravilhas. Essa cidade parece cenário de um filme, de tão linda que é!", afirmou.
O COPACABANA PALACE é um hotel 5 estrelas localizado na Avenida Atlântica. Inaugurado em 1923, guarda em seu espaço inúmeras histórias vividas. O suntuoso Copacabana foi pensado ainda no governo do presidente Epitácio Pessoa para atender o grande número de visitantes que acorreriam à então capital do país, em 1922, para a Exposição do Centenário da Independência, evento de proporções internacionais. Devido a problemas técnicos (dificuldades na importação de mármores e cristais) e também climáticos (ocorreu uma ressaca que invadiu os níveis inferiores da obra), o edifício só foi inaugurado em agosto de 1923, quase um ano após o previsto. Nos primeiros dez anos de sua existência, o hotel presenciou alguns eventos históricos e outros dramáticos.
Em 1925 recebeu o primeiro grande personagem internacional: Albert Einstein. Em 1928 hospedou-se em seus aposentos o famoso inventor brasileiro Santos Dumont, antes de retornar à Europa onde se recolheu em definitivo sob profunda crise de depressão, devido ter sofrido algumas tragédias pessoais. Foi num de seus imponentes salões que ocorreu um atentado contra a vida de Washington Luís, também em 1928, que recebeu um tiro dado por sua amante francesa durante uma briga. O presidente foi socorrido por um médico e o caso foi abafado.

O filme “Flying down to Rio”, de 1933, musical onde Fred Astaire e Ginger Rogers dançam juntos pela 1a. vez, é ambientado no requintado Copacabana Palace e graças a seu sucesso o Hotel seria conhecido internacionalmente.
As histórias reais que as paredes do Copacabana guardam podiam servir de roteiro a inúmeros filmes de grande carga dramática ... e sem efeitos especiais.

Uma ótima dica de site para quem quer saber mais: www.copacabana.com/copacabana-palace.shtml

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Eli Silvéria
12/jul/2010

Amargo Pesadelo


gênero:Drama
duração:01 hs 49 min
ano de lançamento:1972
estúdio:Warner Bros. / Elmer Productions
direção: John Boorman
roteiro:James Dickey, baseado em estória de James Dickey
produção:John Boorman
música:Vilmos Zsigmond
atores: Jon Voight, Burt Reynolds, Ned Beatty, Ronny Cox, Ed Ramey

"AMARGO PESADELO" (Deliverance-EUA) - um clássico de tensão psicológica, é desses filmes que pretende nos “amarrar” na poltrona. Na época de seu lançamento causou grande emoção e provocou o debate acerca da relação homem versus meio ambiente. Para entender esse aspecto é preciso lembrar que no início dos anos 1970 não era comum a defesa das questões ecológicas como atualmente; a regra era tomar o máximo possível de tudo e todos, e nessa linha vai sendo construída a trama de AMARGO PESADELO.
Um grupo de quatro amigos ( Ed, Lewis, Bobby Trippe e Drew Ballinger) decide descer de canoa um trecho dum rio no estado da Geórgia (EUA), que está prestes a desaparecer devido um projeto de construção de uma barragem que vai dar origem a uma hidrelétrica. Dos quatro, apenas Lewis (Burt Lancaster) demonstra ter uma certa intimidade com as coisas da Natureza, enquanto os demais são claramente pessoas de índole urbana. Antes de iniciarem viagem conhecem um menino que tem qualquer disfunção mental, mas toca esplendidamente seu banjo. Drew Ballinger (Ronny Cox) e seu inseparável violão, mantém com este um diálogo puramente no nível de Arte e Sensibilidade, já que o rapazinho não fala, demonstrando ser autista ou algo assim. Esta é uma das mais belas cenas de todo o filme: o violão provoca e o banjo responde, a princípio timidamente, depois cada vez com mais velocidade e precisão, nesta cena que ficou conhecida como Duelo de banjos. Ao final, o violonista confessa ter perdido a sequência musical, mas enfim eles se encontram, e o que seria um desafio, termina em harmonioso duo.
Ainda nos preparativos da viagem rumo ao desconhecido, os amigos buscam humilhar a gente simples do campo no modo desdenhoso como se dirigem àquela gente da terra ao negociarem o valor do serviço de transporte de seus carros até a cidade mais próxima. Esse erro em breve lhes será fatal.
A viagem, que parecia divertida no início, com corredeiras e paisagem exuberante, logo revela sua verdadeira face. Os amigos Ed Gentry (Jon Voight) e Bob Trippe (Ned Beatty) que haviam se distanciado dos outros dois são atacados por caçadores de índole perversa que os subjuga, e sob ameaça de arma de fogo, estupra um deles. Essa cena do estupro é, sem dúvida nenhuma, a de maior tensão (entre outras) em todo o filme, tendo sido excluída na exibição nos cinemas de vários países ao redor do mundo, inclusive no Brasil, por causar repulsa e grande sofrimento psicológico a quem assiste. O roteirista, sem dúvida alguma é um dos grandes responsáveis pelo sucesso da narrativa. Ao fim, a Natureza mostra quanto pode ser justa, no entanto, sempre superior, subjuga aqueles que ousam desafiá-la.

(Eli Silvéria
Marília às 15h18)