Uma das melhores comédias, não, um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.
Não se trata de comédia nonsense, baseada em sketches ou situações absurdas. O que atrai nesse filme é justamente o contrário: exibe situações com possibilidade de acontecer a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. As diversas soluções encontradas pela direção, vem constantemente demonstrar que não se trata de Hollywood, mas de um filme “estrangeiro”. Na realidade, trata-se de uma produção turco-alemã, de 2009, com direção de Fatih Akin. No elenco, vários e bons atores, turcos e alemães.
Um cozinheiro machuca a coluna e corre o risco de ter hérnia de disco; sua namorada ganha uma promoção para ir trabalhar do outro lado do mundo – em Xangai; o dono do restaurante tem um irmão presidiário que vive de jeitinhos e alguma sorte; Zinos, o cozinheiro, reencontra um colega de escola a quem não via há muito tempo, fato que terá conseqüências definitivas para o desenrolar da trama.Legal também nesse filme são as diversas referências ao multiculturalismo. É uma obra não fechada em si mesma, porém aberta a dialogar com pessoas de várias nacionalidades e raças, mostrando aquilo que nos une, em vez de explorar o que nos divide. Há por exemplo referência ao namorado chinês da loiríssima girlfriend de Zinos, o protagonista de origem grega.
Soul Kitchen trata da dureza da vida, a luta do pequeno empresário pela sobrevivência própria e de seu negócio, os impostos em excesso, o mal atendimento a quem não tem seguro médico, as escolhas que todos precisamos fazer de vez em quando. Pensando bem, até podia ser um filme brasileiro, pois nos identificamos imediatamente com várias situações nele mostradas.
Uma grata novidade ver esse jovem diretor alemão (Fatih Akin) nascido em Hamburgo, ele próprio filho de imigrantes turcos, vir nos brindar dessa vez com uma obra inteiramente diversa daquilo que vinha apresentando até então.
Entre seus filmes anteriores, “Contra a Parede”, (2004), fala sobre as dificuldades dos imigrantes na Alemanha. A critica o considerou um filme extremamente pesado, cru, e violento ao extremo. Em 2005, ele aparece com um documentário sobre a música turca: “Cruzando a Ponte: o Som de Istambul. Em seguida, agora em 2007, temos o belo “Do outro lado”, onde, numa prova de imensa maturidade, Akin consegue criar um roteiro criativo, com narrativa não linear, sem ser chato ou pedante. ” Do Outro Lado focaliza seis personagens principais, três duplas de pais e filhos, na Alemanha e na Turquia, que vivem várias histórias entrelaçadas; trata de diferenças culturais, de choque de civilizações, mas, sobretudo, das relações pais e filhos." ver ref. completa no site: http://50anosdefilmes.com.br/2010/soul-kitchen/#more-13557
Soul Kitchen é uma comédia. Porém, mais interessante que a cena engraçada que mostra as conseqüências da comida afrodisíaca sobre os vários freqüentadores, inclusive sobre a sisuda Fiscal do governo que vem cobrar alguma taxa, é a solução encontrada para combater a tentativa de suborno a que ela é exposta.
Vale a pena ver ( e rever !) SOUL KITCHEN, este novo trabalho de Fatih Akin. Finalmente passou uma comédia no Clube de Cinema, em 02 de abril 2011.
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Direção: Fatih Akin, Alemanha, 2009; Com Adam Bousdoukos (Zinos Kazantsakis), Moritz Bleibtreu (Illias Kazantsakis), Birol Ünel (Shayn Weiss), Anna Bederke (Lucia Faust), Pheline Roggan (Nadine Krüger), Lucas Gregorowicz (Lutz), Wotan Wilke Möhring (Thomas Neumann), Dorka Gryllus (Anna Mondstein)
Argumento e roteiro Fatih Akin e Adam Bousdoukos;Fotografia Rainer Klausmann
Cor, 99 min
=============== elisilvéria
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