Notícias do Mundo do Cinema
Lançados em DVD:
a) “Um Caminho para Dois”, com Audrey Hepburn e Albert Finney. O diretor, Stanley Donen, é mais lembrado pela sua direção de “Cantando na Chuva”. Escrito pelo roteirista Frederic Raphael (o mesmo de “De Olhos Bem Fechados”), este drama conjugal é um de seus filmes mais refinados. O par em questão, Joanna (Audrey Hepburn) e Mark Wallace (Albert Finney) é um dos muitos casais insatisfeitos que rondam a Europa em busca de alternativas. Realizado em 1967, “Um Caminho para Dois”, pela sua modernidade, resistiu bem ao tempo. Fotografado em cinemascope e no sul da França, é lá que Albert Finney diz à mulher que gostaria de fotografar objetos de forma tridimensional, ao que Audrey responde: “Eu sou tridimensional, por falar nisso” (Estadão, DVD/TV, p.13, de 5 a 11/o6/2011).
b) “Alma em Suplício”, com Joan Crawford, sob direção de Michael Curtiz (1945). Por este filme, Crawford ganhou o Oscar de melhor atriz, fazendo o papel de Mildred Pierce. Casada com um homem que a abandona com as duas filhas, ela é obrigada a lutar pela sua sobrevivência, tropeçando nas próprias pernas à medida que tenta subir na vida a qualquer preço (O Estadão, D11, 29/05/2011).
c)“A Longa Noite de Loucuras”, de 1959, com roteiro de Pier Paolo Pasolini, é um filme que dialoga com “Um Dia de Enlouquecer” e “O Belo Antônio”. Os três filmes têm em comum a juventude dos personagens e a importância do dinheiro, pelo qual as prostitutas e os gigolôs tudo fazem. Em 1959, boa parte do interesse de “A Longa Noite” vinha do elenco, que reunia os novos talentos da Itália e da França: Elsa Martinelli, Antonella Lualdi e Laurent Terzieff (O Estadão, D3, 01/06/2011).
Aberta:
Mostra “Odete Lara, Atriz de Cinema”, que o CCBB apresentou a partir de 01 de junho, relembrando o trabalho desta mulher extraordinária, com participação em vários filmes entre 1956 e 1985, entre eles: “Noite vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri, e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969), de Glauber Rocha. Paulistana da Bela Vista, nascida em 1929, Odete era uma deusa, que se expandia mesmo em pequenos papéis. Ela está inesquecível em “Boca de Ouro”, numa cena em que, num vestido de bolinhas, dá o testemunho de sua relação com o bicheiro (vivido por) Jece Valadão (O Estadão, D10, 31/05/2011).
Morre:
a) Peter Falk, aos 83 anos. Conhecido pelo seu papel na série “Columbo”, o ator faleceu em sua casa em Beverly Hills, com doença de Alzheimer, deixando mulher e duas filhas. Por seu trabalho na série policial, que estreou em 1971 e foi interrompida em 1978, Falk ganhou quatro prêmios Emmy. Nascido em Nova York e filho de um comerciante, o ator teve seu olho direito retirado aos três anos, por causa de um tumor, e substituído por uma prótese de vidro. Fez também “Deu a Louca no Mundo” (1963) e “A Corrida do Século” (1965); em “Columbo”, ele sempre dizia, quando já estava para sair da casa do investigado: “Just One More Thing” (Só mais uma coisa...) quando então o crime se esclarecia (O Estadão, A16, 25/06/2011).
b) Wilza Carla, aos 75 anos, morta em São Paulo, de diabete e problemas cardíacos. Sua filha, Paola, que há onze anos morava com Wilza para cuidar dela, disse que a mãe ainda sonhava voltar à televisão. Ela ficou famosa com a personagem “Dona Redonda”, da novela Saramandaia, da TV Globo, e também por seus papéis sensuais em chanchadas. Nascida em Niterói, em 19 de outubro de 1935, Wilza fez “Chico Viola Não Morreu” (1955), “Palmeiras Negras” (1967), “Os Monstros de Babalao” (1970) (O Estadão, D9, 22/06/2011).
Visitou:
o Brasil, em maio de 2011, Catherine Deneuve, a “bela da tarde” que o tempo respeitou, apesar dos anos. Ela, porém não é mais a loira delgada que cantava e dançava com a irmã, em “Duas Garotas Românticas”, de Jacques Demy. Mas ainda brilha no novo “Os Bem-Amados”, de Christophe Honoré, que encerrou o Festival de Cannes no domingo passado (o Estadão, D3, 29/05/2011). Tino Therezo
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Brincando de seduzir
Sabe quando você assiste um filme — de preferência, que não seja uma megaprodução — e, quando ele termina, bate uma saudade imensa do que acabou de ver? Como se quisesse que jamais terminasse. É disso que estou falando. Cada pessoa tem seus filmes preferidos, e Brincando de seduzir (Beautiful girls) é o meu, em posição de destaque na estante. Você terá que ir a uma boa locadora para encontrar essa comediazinha romântica dramática lançada em 1996. Aliás, uma locadora que ainda tenha VHS, pois ainda não saiu em DVD no Brasil. Vá, porque vale a pena. Brincando de seduzir tem um roteiro ultrassimples e batido. Conta a história de alguns amigos que se encontram no aniversário de formatura da turma, coisa típica de norte-americano. A grande sacada é que o filme não trata da festa, e sim dos “losers” em que se tornaram esses personagens.O início é de uma poesia cortante. Willie, o protagonista, interpretado magistralmente por Timothy Hutton, junta as gorjetas de sua noite como pianista. Despede-se do dono do bar e caminha entre o gelo e a neve do inverno em direção à rodoviária, a caminho de sua casa e de seu passado. Ele está em dúvida, repensando os passos, sua história. Apostou seus sonhos em algo que não conseguiu realizar. A volta para casa é, também, uma volta ao início de sua trajetória, uma análise de “onde eu errei?” e “o que faço agora?”.Tal retorno tem um quê de traumático, afinal só quem viveu em uma cidade pequena sabe: nada muda. Seus amigos, tão losers quanto ele, continuam os mesmos, para o bem e para o mal. Tommy (Matt Dillon) é um limpador de gelo e continua dividido entre duas garotas (Sharon e Daryan – respectivamente Mira Sorvino e Darian Smalls). Paul, em uma excelente interpretação de Michael Rapaport, continua um moleque com zilhões de pôsteres de mulheres nuas nas paredes do quarto. E Mo (Noah Emmerich) está casado. Todos eles beirando os 30 anos. Todos eles losers de carteirinha. Mas, o filme não é sobre homens. É sobre garotas, belas garotas (como sugere o título original). E como essas belas garotas influenciam a vida dos nossos pobres amigos. Willie volta para casa com uma dúvida cruel: casar ou não casar? Seis meses de namoro com uma advogada e lá está ele, na encruzilhada, sem nem sequer saber sobre si mesmo. Marty (Natalie Portman – perfeita no papel), como uma Lolita de Nabokov, ou uma Joey de Kevin Willianson, sempre com a palavra certa na hora certa, é uma bela garota. Uma bela garota de… 13 anos. Só os diálogos de Willie e Marty já valem o filme. Gina (Rosie O’Donnell) é outra suposta bela garota. Seu “solo” no supermercado explicando que homens sonham com modelos (irreais), mas casam com as normais (reais), consiste em outro grande momento. E Andera (Uma Thurman), bem, é publicitária e renova a improvável equação “garota bonita e inteligente”. Frases como “tudo que eu preciso é de um cara que me chame de docinho na hora de dormir” ou “tudo que eu preciso à noite é de um dry martini e Van Morrison” ficam ressoando na cabeça durante dias. A trilha sonora é excelente e centrada basicamente em standards americanos. Coisas como Me and Mrs. Jones, de Billy Paul, ou Sweet Caroline, de Neil Diamond, que rendem outros dos grandes momentos do filme. Traz também belas canções perdidas no tempo, como Graduation day, do cavaleiro solitário Chris Isaak, I’ll miss you, do Ween, e uma dobradinha sensacional dos Afghan Whigs, fazendo covers de duas canções — uma delas de Barry White —, com direito a ponta em um pub tocando Be for real, para embalar a dança de Andera e Paul. No geral, Brincando de seduzir é cinema sem pretensão, com o intuito único de mostrar as dificuldades da passagem tardia para a vida adulta. Consegue bem isso. Consegue divertir e fazer pensar. Afinal, onde eu errei? O que faço agora? Sedução é brincadeira? O que é real? O que você imagina ou imaginava estar fazendo aos 30 anos? Isso é cinema.
Direção: Ted Demme. 1996. 113 min.
Rodrigo Gerdulli (tradutor e revisor)
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