TEMPOS MODERNOS (Charlie Chaplin)
atores: Charles Chaplin, Paulette Goddard , Henry Bergman , Tiny Sandford , Chester Conklin.
Filme americano dos Estúdios United Artists/ Charles Chaplin Productions, realizado em 1936 pelo diretor britânico Charles Spencer Chaplin, também responsável pela música, roteiro, produção e atuação principal.
Tempos Modernos (Modern Times no original) podia se chamar “Tempos Eternos”, pela temática sempre atual: a luta do homem pela sobrevivência face ao poder que o oprime.
Algumas das suas cenas tornaram-se clássicas na história do cinema “Não falado”. Muito embora o cinema falado já existisse desde 1929, é peculiar o fato de Chaplin priorizar o ‘mudo’ em detrimento do ‘falado’, a coqueluche do momento. A esse respeito, é sempre bom rever o maravilhoso ‘Cantando na Chuva’ (com Gene Kelly), uma paródia musical bem humorada sobre os percalços técnicos e humanos a rondar os primeiros instantes do cinema falado.
Voltando à obra-prima de Chaplin, algumas cenas ficam marcadas em nossa memória....Como a da Máquina Alimentadora, que otimizaria o desempenho do empregado, pois ele não mais precisaria parar para almoçar.
A cena do protagonista engolido pela engrenagem da fábrica, peça monstruosa que a tudo consome. Quando ele consegue se livrar, é tomado por uma overdose de lirismo, sai cantando, dançando, ao mesmo tempo que aperta todo botão que vê pela frente, até os mais improváveis.
Certas cenas parecem imitação de uma Realidade Paralela construída pelo Vagabundo. Nesses momentos ele finge ser algo ou alguém que não é, já que a condição geral do personagem não deixa dúvidas quanto a sua situação de carência. O exagero é tamanho, que o resultado final é o riso que se perpetua no tempo. Como o mergulho que dá no riachinho que passa atrás da sua humilde casa.
Talvez a melhor cena seja aquela em que aguarda na delegacia, sentado ao lado da esposa do pastor. Ambos tomam chá, britanicamente. Ela, meio esnobe, um pouco enojada, talvez, talvez ausente. Ele sorri-lhe; tenta conversar, ela nega. Então seus estômagos roncam, num incômodo momentâneo, nem um pouco “finesse”, como se estivessem falando. O cãozinho ladra bravamente, como a lembrar que acima de tudo, existe alguma coisa que nos une a todos. A natureza humana se impõe mais espontânea que culturas, convenções e diferenças de classe, nos fazendo simplesmente isso: seres humanos.
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(Eli Silvéria) às 17h00
“UM AMOR PARA TODA A VIDA” (Closing the Ring) –exibido no Clube de Cinema em 12/jun/2010
“Todo mundo precisa conversar...... Não, todo mundo precisa chorar”
Diretor Richard Attenborough; com Shirley Maclaine; Christopher Plummer; Mischa Barton; Gregory Smith; Stephen Amell; Brenda Fricker, Martin McCann, Pete Postlethwaite, John Travers. Produzido por: Richard Attenborough, Jo Gilbert. Inglaterra/Canadá/EUA; drama-2007.
É um filme que dá gosto rever para conseguir captar certas delicadezas de atuação (principalmente da dama Shirley MacLaine) e detalhes do enredo, já que a história tem recortes, fazendo um jogo Passado versus Presente muito interessante.
Dessa vez, o famoso diretor RICHARD ATTENBOROUGH traz um toque de humanidade a mais e cenas grandiosas a menos. Uma história onde os efeitos especiais ficam por conta do enredo e da representação. Os críticos não gostaram, e uma rápida vista nas avaliações da internet mostram que a maioria deles preferiu a atuação de Attenborough em UMA PONTE LONGE DEMAIS (1977); GANDHI (1982); um GRITO DE LIBERDADE (1987); e CHAPLIN (1992). As exigências tornam-se ainda maiores por se tratar de um vencedor de 8 Oscars!
Quanto a nós, plateia menos exigente, preferimos referir-nos ao título, que, adaptado para o português do Brasil, mais uma vez não ajuda. Muito melhor o original: “Closing the Ring”, que tanto faz referência à aliança com os nomes dos enamorados, quanto se refere ao tempo, que na história assume características de circularidade, onde os acontecimentos do passado refletem no presente e vice-versa.
Atuação maravilhosa do ator Martin McCann, que faz o jovem JIMMY. Meio perdido em seu mundo interno, às vezes, sua postura “inconveniente” leva os demais personagens a uma decisão que vem esclarecer ou resolver um conflito. É o que acontece quando ele abre a mala que trouxe da Irlanda, para mostrar seu conteúdo à viúva (Ethel).
Muito boa também a presença do humor nas cenas mais tristonhas e pesadas, trazendo um toque de leveza e o inusitado. Gostei também do empenho dos atores ao buscar na fala o acento irlandês, ainda que o idioma usado no filme seja o inglês. É sempre agradável poder conhecer registros de outras línguas que não sejam aquelas mais comuns que invadem nossos meios de comunicação. Enfim, uma história de amor bem própria para o Dia dos Namorados. Adorei a participação do veterano ator Pete Postlethwaite, que faz o ex-menino que vê os últimos instantes do grande amor da vida de Ethel/ MacLaine, vindo a dedicar-se com bravura, anos a fio, na procura da aliança perdida na explosão.
Consultas: www.amordealmas.com/2008/06/um-amor-para-toda-vida.html
omelete.com.br/cinema/um-amor-para-toda-a-vida/
(Eli Silvéria)
21/jun.2010
A diferença acaba no cinema
(Eli Silvéria)